Em Gosford Park , Elsie (Emily Watson) deixa a mansão McCordle como a criada sem eira nem beira que, num acaso Austeriano, sai pela porta da frente da mansão no mesmo instante em que o produtor de cinema americano Morris Weismann (Bob Balaban) liga o motor do seu carro.
O produtor gentilmente a convida para uma carona e então Elsie tem sua Grande Frase, enquanto entra no carro, ao lado do ator inglês que não aguenta mais o modo de vida inglês e do produtor - ou seja: do Novo Mundo representado tanto pela América e seus sonhos democráticos quanto por Hollywood (o filme se passa em 1932):
"Quando deixaremos de nos importar com a vida deles e começaremos a viver nossas próprias vidas?"
Quem são "eles"? Os aristocratas decadentes. Quem somos "nós"? Nós, o povo - as pessoas comuns.
O carro arranca e adeus, não vemos mais esses personagens. A ação dramática continua dentro da mansão.
Já Elsie talvez tenha um novo destino, entrando no carro do produtor Weiseman, ao lado do astro inglês. Talvez seja convidada a conhecer a Califórnia. Quem sabe.
O interessante é que naquele momento quis que o filme parasse e um link se abrisse para um outro filme, desta vez com roteiro do Paul Auster - porque seria essa a estrada que Paul Auster escolheria.
A estrada de Palácio da Lua, por exemplo, de estranhas coincidências e de pessoas do mundo refazendo suas vidas numa América simbólica, quase totalmente submersa atualmente, onde você é aquilo que faz e nunca aquilo que foi.
Gosford Park - direção de Robert Altman - roteiro de Julian Fellowes.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
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