quarta-feira, 21 de abril de 2010

House – Sexta Temporada – Teaser (fictício):

Dr. Wilson caminha por corredor de hospital. Pára em frente a uma porta sem placa (antigo consultório de House). Expressão de pesar no rosto. Uma enfermeira passa e sorri. Dr. Wilson percebe que está sendo observado e cumprimenta a enfermeira.

Segue até a porta de entrada do seu consultório. Dr. Wilson entra no consultório. Serve-se de café. Senta em sua cadeira. Abre uma gaveta, pega um livro volta a ler na página marcada. Vemos a capa do Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. Entra a Dra. Lisa Cuddy. Ela observa o colega lendo o livro.

“O que você acha?”.

Dr. Wilson abaixo o livro e a encara.

“É, House está mesmo obsediado”.

Eles trocam um olhar intranqüilo.

Fade.

Close do rosto de House, ouvindo algo, assustado, mexendo a cabeça de forma estranha.

Fade.

Nova Temporada

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A NECESSIDADE DO HERÓI

O Herói. Arquétipo, necessidade psicológica, símbolo de Ordem contra o Caos – definições inteligentíssimas e precisas foram escritas e chegaram até nós no decorrer dos séculos (isso é muito legal, né? Dos séculos mesmo!)

Elas possuem saudáveis diferenças. Todas, no entanto (acredito), apontam algumas semelhanças. Entre elas, a que poderá ser respondida por meio da seguinte questão:

Quem veio primeiro? O Herói ou a Necessidade do Herói na Humanidade?

Eu acredito que o que veio primeiro foi a Necessidade do Herói – que se confunde em menor escala com a Necessidade de Reconhecer Deus – sendo o Herói uma fagulha Divina agindo entre nós, para nós, por nós – diante de um ou mais desafios além de nossa capacidade.

Mas agindo como?

O Herói assim o É pela capacidade de vencer o mal ou as provas que interrompem a livre circulação do Bem.

Esse é o meu ponto. O Herói só é Herói porque faz o Bem.

Então nossa necessidade Humana não é por um Herói, mas sim por algo que vença o mal, que restabeleça o Bem.

Se um relato houvesse capturado a imaginação humana contando uma estória onde qualquer pessoa soprando pétalas de flores sobre o agente do mal o derrotaria – então o Herói seria aposentado, antes de existir, pelo ato de soprar pétalas de flores.

Felizmente o primeiro Herói foi devidamente registrado por um excelente contador de histórias, que legou o gênero para a posteridade até o tempo infinito.

O primeiro Herói pode ter sido um Homem que salvou um membro da sua tribo de um afogamento ou da morte iminente por um animal selvagem – e o contador de história da tribo a contou com tamanha energia e por um período tão largo de tempo que se tornou o verdadeiro Herói.

Mas, e o Bem?

As variações do que é o Bem são infinitas – porém não mudaram tanto no decorrer dos milênios. O Bem É o Bem – Nascemos com o código de reconhecimento e da necessidade de presenciá-lo.

Entre outros, o Bem que o Herói pode fazer é resguardar e ou dedicar-se a lutar pela liberdade ou integridade de uma pessoa, de um povo, de uma nação ou da Humanidade.

Mas porque então o Herói é reconhecido como Herói?

Não é só porque atingiu seu objetivo de vencer o mal ou restabelecer o Bem.

O Herói é reconhecido como Herói porque precisou passar por provações que a maioria dos Homens sabe no seu íntimo não ser capaz de suportar.

O Herói é o homem que apesar de ser tentado, resiste, tendo a total liberdade de não querer resistir.

O Herói não é pago para resistir (e quando o é – descobre no meio do caminho que o ganho material não importa, ou não tanto quanto o ganho imaterial – o Bem).

Há no Herói de antemão ou é descoberta no decorrer das batalhas uma convicção profunda, básica e visceral, do que pode ou não pode ser aceito – do que Ele pode ou não aceitar – “do que é e do que não é”.

Sua responsabilidade é manter-se no caminho certo durante toda a estória – assim o queremos – porque no nosso mais íntimo, temos a certeza total de quando e como e porque tombaríamos –
Tudo bem, nada de pânico.
Afinal, somos homens.

Como Homens, não nos foi dado conhecer o Futuro. Isso é motivo de temor, de insegurança.

E é esse Futuro incerto, que gera a Grande Dúvida:quem vence, o Bem ou o Mal – ou pior, o mais-ou-menos-disfarçado-de-tá-bom-por-enquanto.

E é esse Futuro incerto, atingido no final da narrativa – quando se torna Passado -, só é possível se tornar Presente apenas pelos esforços do Herói e das Forças que o amparam.

É por assegurar um Futuro onde podemos depositar nossa esperança de felicidade, que somos e seremos perpetuamente fascinados pelo desenrolar das historias de Heróis.

terça-feira, 13 de abril de 2010

EL BOINARENSE – TRAPERO – OBSERVAÇÕES FUGAZES

Descrição das ações de uma seqüência.

Da chegada de Mendoza em Buenos Aires até o curso de treinamento – passando pela forma como é admitido na polícia de Buenos Aires.

As cenas são curtas, realistas, não-explicativas. Ilustrações de um processo. O personagem é secundário. Mendoza vai meio ao acaso – é conduzido, assim como o público, por um ambiente onde nada é claro. O que fica é a desorganização geral, o pouco caso e o pouco treinamento da polícia.

Cenas:
1.circula meio perdido por Buenos Aires, dorme em mesa de bar.
2. encontra o bar do sujeito que o indicará à polícia e fala com o sujeito. Como seu tio foi da “Força”, esse sujeito o ajudará.
3. dorme a noite em banco de praça.
4. circula pela cidade e pega ônibus até uma delegacia.
5. esse sujeito o aguarda e o apresenta ao delegado. Como o delegado deve favores ao sujeito que devia favores ao tio de Mendonça, este o ajudará. O delegado pergunta se ele tem certeza de que quer ser polícia. Mendoza responde com uma afirmativa. Comandante retruca: “Que Deus o ajude”.
6. sujeito com secretária-policial. Vão diminuir a idade de Mendoza para que este possa integrar a Bonarense.
7. Delegado ordena que Mendoza ganhe uniforme e faça serviços-gerais. É o que basta para indicar sua admissão.
8. Policial e delegado discutem. Há falta de pessoal em posto – policiais foram feridos. Delegado não quer ou não pode fazer nada. Manda policial levar Mendoza.
9. Posto policial. Mendoza durante um dia na rotina do posto. Chega carta para reaizar o treinamento físico.
10. Em campo de futebol, treinador gritando com recrutas. Exercícios físicos.
11. Noite, volta pro posto, seu único espaço na cidade grande. Sua casa.

Observação: no Natal o delegado tá de porre, deprimido, vemos close do seu rosto bêbado e triste. Uma seqüencia depois, o sub-delegado tá discursando pros agentes. Ele é o novo delegado.

Um processo sutil. A ficha cai. “Ah, por isso que na festa de Natal...”

Não há explicações. Só fragmentos.

Roteiro: Pablo Trapeiro

RIFFS

Na minha errante adolescência, a música possuía uma importância tal que eu conseguia passar horas sem realmente pensar por palavras. Eu pensava por sons.

Repetia dezenas de riffs de guitarras e quebradas de baterias e trechos desconexos e mal cantados de canções em língua inglesa, sem parar, um atrás do outro.

Hoje eu olho para trás e solto um grunhido mascado de reprovação. Pra minha sorte, há tempo voltei a pensar por palavras.