domingo, 19 de setembro de 2010

BILL BRYSON É SEU TEXTO




O escritor norte-americano Bill Bryson tem o que se chama "texto". Sabe escrever, "em suma".

Você pega um livro dele, qualquer livro, abre uma página, qualquer página, e percebe que o cara escreve.

O texto do Bill têm aquela mágica que os bons contadores de história americanos aprendem a ter (ou nascem sabendo).

Há várias maneiras de definir um "bom texto" - ele precisa fluir, ser inteligente, irônico (auto-irôico porque gozar só dos outros é covardia), preciso nas descrições das emoções, pensamentos e relacionamentos e é como, observando as devidas proporções, a Liberdade da Cecília Meireles, o poema narrado pelo Paulo José no Ilha das Flores do Jorge Furtado: "Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."

Um texto bom é assim. "Não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."

E o melhor é que, depois de sua leitura, a ficha cai e tantos e tantos bons narradores diminuem em estatura até seu tamanho real.

Porque um texto como Uma Caminhada na Floresta, com toda sua simplicidade de intenções e escopo cultural ganha a cada nova leitura uma intensidade maior, como se voltássemos a rever um querido amigo.

De quantos textos temos esse sentimento?

Para mim, é a prova do tempo, a prova do afeto: como na vida. Sorrimos ao rever alguém? Digo, sorrimos mesmo? Com alegria ou expectativa no coração?

Caso positivo, é fácil entender que a pessoa para quem sorrimos nos faz bem. Se não sorrimos, bom. Cada caso é um caso.

Bill Bryson escreve como gostaríamos que um amigo escrevesse.

E sabe escolher seus temas.

Seria legal colar aqui trechos e mais trechos da prosa do Bill. Mas não vou fazer isso. Vou deixar você ir atrás, ou encontrar sem querer - como eu encontrei - e decidir por conta própria se quer ler um bom texto.

Uma Caminhada na Floresta - Redescobrindo os Estados Unidos pela Trilha dos Apalaches tem o apelo pra esse contato inicial.

É o blockbuster que deu certo. Gênero comédia. E é um belo exemplo de Novo Jornalismo, final dos anos 90.

Ensina que qualquer tema pode ser o tema, desde que se entenda o que realmente deve ser exibido e claro, sem ser exibido.

Bill Bryson é publicado no Brasil pela Companhia das Letras.

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