sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Se Beber Não Case – The Hangover III

C – A amanhã seguinte - Desenvolvimento

A suíte de luxo está um caos. Uma mulher sai de fininho (ou ao menos suas pernas, que é só o que vemos dela), Stu acorda deitado no chão. Alan descobre o tigre e o bebê. Phil quer saber de Doug. Ou quer um café da manhã. Tanto faz. A ressaca é braba.

Se Beber Não Case é um grande pedaço de desenvolvimento recheado de vários pontos de virada – levando os personagens, através de seqüên-cias-conflitos, em busca da descoberta do que realmente aconteceu na noite anterior e, principalmente, onde está o noivo.

Para uma leitura mais visual desses pontos de virada do Desenvolvi-mento do filme – “C” – este foi subdividido por em uma numeração por plot.

Durante o café, a primeira pista: notam a pulseira do hospital no pulso de Phil.

Então vemos os alicerces do filme, que se estrutura na premissa de “Onde está Doug?”.


Caça ao que fizeram na noite passada

D - ou C 1 -


O trio vai até o hospital, atrás de informações. Descobrem que Phil deu entrada com uma contusão no crânio e nas costelas e que foram drogados com um “boa noite Cinderela”. O que os faz supor que caíram na armadilha de algum louco, tarado ou pior.

Descobrem também o nome de uma igreja que, segundo afirmavam, estiveram.


E – ou C 2 -

Na “igreja” descobrem que Stu casou com uma striper, Jade. Pedem os documentos do casório, atrás do endereço dela.

A comédia chega forte na saída da igreja. Um carro barra a viatura dos heróis e dois chineses violentos perguntam “Onde ele está?”. Stu ao telefone com Melissa inventando situações bucólicas na vinícola que supostamente visitam (mentira dele) – tiroteio – dono da igreja baleado – fuga em alta velocidade.


F – ou C 3 –

Apartamento da striper. Descobrem que ela é a mãe do bebê. Que o ca-samento ocorreu depois das 22h e que Stu deu como presente o anel da avó sobrevivente do holocausto que daria pra Melissa.
Ela não sabe onde está Doug.
A polícia de Las Vegas invade o apartamento.


G – ou C 4 –

Na delegacia – algemados – Phil liga pra noiva de Doug, mentindo que estão com vontade de passar uma noite extra em Las Vegas.
No depoimento tentam acordo com os policiais.
Resultado: são usados como cobaias de armas paralisantes para alunos que visitam a delegacia.


H – ou C 5 –

No depósito de carros da polícia, pegam a Mercedes – que juravam te-rem destruído na farra. Para surpresas de todos, a Mercedes está in-teira.

Dirigem de volta ao centro da cidade – batidas no porta-malas – “Doug?” – estacionam, abrem o porta-malas – sai um chinês pelado com barra de ferro – bate nos três e foge.

Alan confessa ter colocado ectasy no licor, na hora do brinde no terraço (final de B) – queria ver todos felizes – Stu puto: “Doug deve estar morto!”


I – ou C 6 –

Voltam pro hotel, entram na suíte – Mike Tyson está lá, tocando pia-no – Ele quer seu tigre de volta e ameaça: “Não me façam voltar”.

Tiram a sorte no palitinho e Stu é o escolhido para dar um bife com sonífero pro bicho – carregam o tigre para dentro da Mercedes.

No meio do caminho o tigre acorda e ataca. São obrigados a empurrar o carro pelos últimos 2 KM até a mansão do Tyson.

Assistem as câmeras de seguranças da mansão: 3:30h da madrugada, eles + Doug, absurdamente bêbados, roubaram o tigre e o colocaram dentro da viatura de policia roubada.


J – ou C 7 –

Noite. Dirigem de volta pro hotel – Phil quer ligar pra noiva, tal-vez Doug tenha dado notícias – Allan triste pelo estado do carro – Phil: “É só o interior!”

Picape bate na lateral da Mercedes, imprensando o carro contra um poste com letreiro de néon – são os mafiosos chineses que os ataca-ram na igreja – e o chefão deles está junto, de pulseira de ouro e terno brega – é o chinês preso dentro do porta-malas.

Observação:
Surge o Antagonista.

Afinal, “Onde está Doug?” não é premissa suficiente para sustentar os 100 minutos padrão dos filmes hollywoodianos.

O que sustenta o tempo de tela – os 100 minutos padrão - é o confli-to do(s) protagonista(s) contra o antagonista em busca de um objeti-vo – “Onde está Doug”.

O chinês, “Chow. Leslie Chow” – personagem hilário, explica como se meteram com ele.

Jogavam em um cassino e Alan impressionou Chow, que passou a apostar nele.

No entanto, Alan pegou a bolsa errada – a do chinês, com 80 mil dó-lares e saiu do cassino.

Chow foi atrás, reclamando o que era seu, mas Phil o achou bonitinho e o quis como amuleto da sorte e o jogou dentro do porta-malas.

(essa história é contada no meio da rua diante dos carros batidos – legítima história-dentro-da-história).

Chow ameaça: “Devolvam a bolsa com os 80 mil ou não terão o amigo de volta” – bate no vidro do carro e agora vemos um homem encapuzado. “Doug!”, gritam.

Chow dá ultimato: para terem Doug de volta, precisam estar no deser-to de Mojave, ao amanhecer, com os 80 mil dólares.

Observação:
A trama muda de conflito-foco: passa de “Onde está Doug?” ou “O que nos aconteceu a noite passada?” para “Onde está a bolsa com os 80 mil?”


K – ou C 8 –

Inicia busca desesperada pela bolsa. Revistam o carro e a suíte e não a encontram –“Estamos ferrados”.

Alan encontra seu livro de como ganhar no 21. Troca de olhares – surge uma idéia.

Observação:
Aqui o ponto de virada não é mais na estrutura “um absurdo leva a outro” e sim de “Cadê a bolsa?” para “Como ganhar oitenta mil dóla-res apostando em um cassino?”.

Phil e Allan, vestindo ternos, vão pro cassino jogar no 21 - desco-brimos que Allan é um desajustado genial na matemática – ele analisa e decora as cartas na mesa, conseguindo antecipar as próximas cartas com boa margem de acerto. A aposta inicial de 10 mil dólares sai da poupança do dentista Stu, que se considera “médico” mas, segundo Phil “É só um dentista”.

Aqui vale observar o personagem: Stu ama Melissa, que é megera na visão dos amigos e que o traiu com um barman em uma viagem de cru-zeiro “mas não o deixou ejacular dentro dela porque ela tem nojo de sêmem”, explica zeloso aos amigos. Phil retruca: “E você acredi-tou?”. A virada de Stu começou, ele não se importa tanto quanto pen-sou que se importaria usando seus 10 mil que estavam reservados para o casamento com Melissa para serem usados no plano de ganhar 80 mil e salvar Doug. E mais: Jade, a doce e boa-praça striper é chamada para ajudar. Ela e Stu formam um casal sortudo, que tramam com Alan na mesa de jogo.

Esse trecho exibe os seguranças do cassino desconfiando da sorte dos jogadores. Stu e Jade criam um rápido qui-pró-có, ajudando na fuga de Alan e Phil, enquanto festejam terem ganho 80 mil dólares.


L – ou C 9

No deserto – dirigem pro local indicado pelo chinês para pagarem o resgate de Doug. Cantam canções.

É uma rápida sequência climática, feita como respiro “alto astral” para o público, pois finalmente a sorte voltou e tudo parece dar certo.


M – ou C 10 -

No deserto – a cômica seqüência da entrega do resgate – Chow entrega um Doug mas é o traficante de quem Alan comprou as drogas – Phil quer desfazer o trato – Nada feito para o afetado Chow.

Observação:

Essa é a grande ruptura do Desenvolvimento. Um ponto sem retorno completo.

Apesar de todos os seus esforços, os personagens chegaram ao limite. Não há mais o que fazer, não há mais tempo para nada e não atingiram seu objetivo. Não encontraram Doug.

A corda cômico-dramática se estende ao máximo. Nem Doug é Doug (é um traficante afro-americano que pede desculpas por ter confundido as drogas que vendeu naquela noite).

Como sair do fundo do poço?

A premissa dos filmes de Hollywood exibe seus dotes.

Faltam aproximadamente cinco horas para o casamento.

Hora de voltar ao começo:


N – ou C 11 -

Nesse ponto o roteiro retorna para A – a introdução.

Revemos Phil ligando para Tracy, a noiva, “dando a real”. O casamen-to não vai rolar porque não encontram Doug.

Enquanto isso, Stu e Alan conversam com o Doug traficante. Estão a-nalisando a droga que tomaram, Rhutylin e, segundo Doug, é mais fá-cil cair no chão usando-a do que flutuar até o terraço.

Ponto de virada. O terraço.

A cena repetida para nesse ponto e agora assistimos sua continuação. Uma nova ação, vinda de uma nova intenção, toma conta da estória:

Stu derruba Phil na areia do deserto e pega o celular.

Stu acalma a noiva: é tudo uma brincadeira do Phil. Doug vai estar no casamento na hora marcada. Desliga o celular.

Phil quer saber o que está acontecendo. Stu sabe onde Doug está:

No terraço.


O – ou C 12 –

Encontram Doug atordoado, semi-consciente, todo queimado por ter passado quase dois dias fritando ao sol do terraço do hotel.

Não há tempo a perder.

Doug sai do hotel levado em uma cadeira de rodas, ainda zonzo. Não há mais lugares disponíveis nos vôos para L.A. – Phil vai dirigir a Mercedes até Pasadena em 3 horas.

Jade aparece – despedida do casal – Stu quer um novo encontro, desta vez um para se lembrar depois. Jade aceita. Stu finalmente descobre o que aconteceu com seu dente: Jade conta que Alan apostou que Stu não extrairia seu próprio dente.
Stu arrancou seu próprio dente.
A subtrama romântica entre Stu e Jade termina com uma nota esperanb-çosa.
Os amigos partem de Las Vegas.
Na estrada, Doug mostra as fichas que achou em suas roupas: no valor de 80 mil dólares.

Euforia na estrada.

Depois de uma ligação de Stu, um furgão de uma loja de roupas mascu-linas joga pacotes dentro da Mercedes. São os ternos dos amigos, que se vestem e se barbeiam na estrada, no maior clima “filme de amigos”.

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