McEwan usa em seu primeiro romance, lançado em 1978, quando o autor tinha 30 anos, o suspense e o macabro como artifícios narrativos.
O narrador é um garoto de quinze anos, Jack. Essa é uma idade boa para se entender tudo errado, agir por impulso, como todos sabem. A estratégia narrativa aumenta a sensação de vazio existencial do romance. Não há culpa. Ações são realizadas sem aparente motivação ou análise.
Em primeiro plano, a confusão adolescente, a sexualidade adolescente, a ânsia por liberdade adolescente.
Influência de Hitchcock
Como em Janela Indiscreta, o uso de um cenário constante prende nossa atenção. No caso, a casa da família de Jack. Que se transforma em um mundo à parte. Sufocante. Poucas sequências do livro são narradas em outro ambiente.
A doença da mãe, a mãe de cama, sua falta de vigor, sua morte.
Quatro filhos “entregues à própria sorte”, conforme contracapa da Editora Rocco.
Mas o elemento principal é a entrada em cena de Derek, o namoradinho de Julie (a irmã mais velha do narrador), no terço final do romance.
Com sua presença cria-se o que Hitchcock chamava de suspense.
(Alguém coloca uma bomba debaixo de uma mesa. Duas pessoas sentam ao redor dessa mesa e iniciam uma conversa).
No livro: há um corpo enterrado no porão daquela casa. Há 4 crianças sozinhas, abandonadas ‘à própria sorte”, sem a supervisão de um adulto. Há a entrada em cena de uma personagem de fora da família, que nada sabe sobre o passado.
Questão que se coloca: será que essa personagem vai descobrir o corpo? Quando? E o que vai acontecer quando ela descobrir?
O talento narrativo de McEwan nos faz ir em frente, queremos entender (desvendar) essas questões.
O final tenso, cinematográfico e correto, nada mais é do que lógico.
McEwan escreve contando com o voyerismo do leitor.
E tem razão. Observamos curiosíssimos a vida daqueles jovens.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
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