segunda-feira, 15 de junho de 2009

JANELA INDISCRETA – A CENA FINAL

Poucos filmes tiveram a sorte de ganhar um final tão elegante quanto Janela Indiscreta, do Hitchcock. Aquele piscar de olhos maroto foi criado para nosso deleite. E devemos agradecer.
Rememorando, grosso modo:
No conflito da subtrama amorosa, Stewart foge de um compromisso com Kelly porque entende que ela jamais aguentaria as agruras e sufocos que um fotógrafo “de guerra” vivencia.
Lisa, a personagem de Grace Kelly, é uma jovem “da sociedade”, uma burguesa alegre e Stewart fareja problemas conjugais irreconciliáveis quando o casal se encontrar, por exemplo, nas selvas do Sudoeste Asiático e ela perceber que seu shampoo acabou. Lisa discorda. Sempre discorda. Ela não é uma mocinha mimada, e ele é o único que ainda não percebeu.
Pois bem, Mistério Solucionado, clímax ultrapassado, a vida volta ao normal no apartamento de L.B.Jeffries, o personagem de James Stewart.
Então vem a Resolução do filme, que é também a resolução da tal subtrama amorosa:
A brincadeira começa quando vemos o resultado de toda aquela tensão: Stewart agora está com as duas pernas engessadas. E tira um cochilo, talvez pacificamente, talvez não muito à vontade.
Sentada em uma poltrona, à esquerda da tela, vemos Lisa, sua noiva, com olhos fixos num grosso livro titulado “Beyond the High Himalayas” (fazendo a sua parte, preparando-se para encarar a rotina de aventuras do noivo).
Pois bem, depois de um relancear de olhos em Stewart, ela põe de lado o livro (que agora descobrimos apenas fingia ler) e pega uma revista, mocozada na poltrona, voltando a se entreter com sua indispensável Harper´s Bazaar.
Fim.

Gestos definem personagens e os manuais ensinam que os apresentemos a platéia logo nos primeiros 15 minutos.
Pois bem, o que vocês acham de um filme que dá a última e definitiva pincelada no caráter de uma personagem no segundo final de um longa-metragem?

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