terça-feira, 16 de junho de 2009

QUANDO MURILO E FERNANDA DECIDIRAM CASAR

Era o tempo em que nada no mundo parecia ter um significado mais completo do que a presença de Fernanda ao seu lado. Então, certa manhã de sábado, depois de correrem dois quilômetros e meio em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas, Murilo parou para tomar fôlego e entendeu ser aquele o momento.
Fernanda estava de costas para ele, encantada com a paisagem, e quando ouviu que Murilo a chamava, virou-se para o namorado.
“Me dá um beijo”, ele pediu.
Enquanto ela se aproximava, ia dizendo: “Sabe de uma coisa? Eu acho que a gente devia...” Murilo interrompeu Fernanda com o beijo.

Quando soltarem-se dos braços um do outro, Murilo sorriu e disse: “Fiquei imaginando. E se interrompi você agora a pouco bem na hora de você dizer que deveríamos casar? Você quer uma água de côco, né? Cê ia dizer ‘acho que a gente devia tomar uma água de côco’”.
“Não. Quer dizer, sim, pra sua imaginação”, respondeu Fernanda, nem um pouco apreensiva.
“Então eu quero fazer um pedido pra você” – disse Murilo, pronto para o grande momento.
“Eu também quero fazer um pedido” – retrucou Fernanda.
“O meu pedido primeiro”.
Mulheres e crianças primeiro, não tem nem o que reclamar, esse é um procedimento internacional e você sabe muito bem”
“Mas nesse caso, os homens são os responsáveis pelo pedido” – explicou.
“Não quando a mulher ama o homem tanto ou mais do que ele”

Impasse criado, Fernanda sugeriu que fizessem um par-ou-ímpar para ver quem faria o pedido de casamento. Murilo achou a idéia “ridícula” – pediu par e perdeu.

Fernanda o segurou pelos ombros, ajeitou sua camiseta e depois arrumou seu cabelo.
“Você aceita casar comigo?” – perguntou, o deixando constrangido.
Ele baixou os olhos e fez uma careta de quem está achando tudo uma bobagem.
Ela continuava sorrindo para ele.
“Aceitou, claro, porra”, respondeu, depois de levar uma pisada no dedinho do pé direito para apressar sua resposta.
Fernanda o beijou. Depois do beijo, ela disse: “Agora você”.
Murilo disse para si que o pedido oficial começaria naquele momento.
“Fernanda, você aceita casar comigo?”.
Fernanda fez uma daquelas expressões que jamais saíram da memória de Murilo. Sem perder sua beleza, acrescentou ao rosto a complexidade da alegria, do fascínio, da certeza e da dúvida. Um maravilhamento que deixava claro o quanto o instante era único em sua vida.
“Sim. É claro que sim, meu amor”.

Murilo beijou Fernanda e, dois meses depois, repetiram o beijo, desta vez com testemunhas, convidados, prosecco gelado e um padre terrivelmente parecido com o Laurence Olivier de Maratona da Morte. ©

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